O canário timbrado espanhol uma ave canora tão surpreendente entre as três raças de canto reconhecidas pela COM.
É por certo o familiar mais próximo do canário silvestre (serinus canario) que ainda nos nossos dias goza de total liberdade nos arquipélagos do oceano atlântico.
Este fringílideo , de cor verde e uns 13 cms de tamanho mais ou menos.
Tem sido criado, mimado e moldado em cativeiro pelos muitos adeptos que tem tido ao longo de séculos.
Os canaricultores ao logo do tempo baseados na sua experiencia, e outra que foi transmitida oralmente ou por alguns registos deixados ao longo tempo para gerações vindouras, no êxito de criação de canários de canto é visível para quem o deseje nos dias que correm.
Através do tempo “foram realizadas” combinações genotípicas e fenotipicas respeitando sempre a sua pureza, tem sabido chegar até ao canário que hoje todos conhecemos como Canário de canto timbrado Espanhol.
Este é um sem fim de notas, passagens musicais e combinações conjuntas que a sua voz emite e ainda seja o chamado timbrado, não é precisamente pelos seus timbres, senão mas também pelo seu tom de voz.
Esta raça tão maravilhosa que nos surpreende ano após ano os aficionados, com sensibilidade e bom ouvido musical, a base das suas composições de canto descontinuo e lento que emite com grande maestria e doçura.
Conseguir isto tão esplêndido não é nada difícil. Há que ir seleccionando os exemplares melhor dotados, ou seja, são, bem proporcionados, morfologicamente, e dando especial importância às fêmeas, já que a influência materna no fenotipo-genotipo de um individuo, por caracteres que se expressam ao principio da vida animal sobre todo nas aves, é manifesta.
Assim mesmo, existe um comportamento ambiental materno que é comum a todas as crias nascidas da mesma fêmea.
A forma de criação mais segura para chegar a obter uma boa extirpe, é a criação em combinações consanguíneas, para conseguir elementos homozigóticos (puros) e poder chegar, com certas garantias de êxito.
Em muitos casos, fêmeas heterozigóticas (impuras geneticamente), exibem os excelentes historiais dos seus antepassados quando as cruzamos com um macho homozigótico (puro), que podem ter excelentes filhas.
Porque dá bons resultados a prova da descendência? Simplesmente, porque se trabalha em completa uniformidade sendo mais segura, em quanto as boas qualidades genéticas herdadas e fazia uma maior pureza de extirpe, com a ausência de qualidades recessivas indesejáveis que nos dão, entre alguns exemplares aceitáveis, outros, realmente decepcionantes.
A maioria de nós, não tem uma ideia clara da razão pela qual, a consanguinidade produz crias doentes, débeis ou de má qualidade e é que aparte do dever de criar com exemplares saudáveis.
Devemos também dar-nos conta, que a causa dos problemas da consanguinidade, é a heterozigotia e por tanto, contra tal problema, a solução é ter ao menos um exemplar de cada casal formado, homozigótico (puro) para usarem consanguinidade.
Se tivermos um macho melhor, daria fêmeas de qualidade que asseguram excelentes gerações no futuro. Senão será um trabalho um pouco às cegas, como até agora.
A questão ambiental e a tendência dos jovens uma vez finalizada a criação.
É necessário sem dor, fazer a insistir, que há que “tirar”, do habitáculo onde vão permanecer os jovens, aos machos adultos, com o fim com o objectivo de que não sejam escutados.
Formam-se grupos de irmãos (machos e fêmeas) filhos todos de uma mesma mãe. E colocam-se nas voadoras até que quase tenham “cerrado/repassar” o canto, o qual só vai suceder no Outono.
Este podem perfeitamente ficar no mesmo espaço, pois entre os distintos grupos, não se copiem, sobretudo situando as transportadoras sobrepostas sendo a melhor forma.
Desta maneira, cada grupo desenvolverá o seu canto de acordo com a sua herança. Não haverá selecção!
Hereditário - É a faculdade/capacidade que os seres vivos têm de transmitir as suas características, tanto morfológicas como fisiológicas e psicológicas, aos seus descendentes nas sucessivas gerações
A homozigotia referida ao “factor canto - Partimos da premissa de que, a diferença do que ocorre, por exemplo, com determinados factores (lipocromo amarelo, branco dominante, etc...) que afectam a cor da plumagem, e que encontram-se regulados por um ou poucos genes e com nula ou escassa incidência do meio ambiente (lei mendeliana), e cujas as leis de transmissão são simples e perfeitamente conhecidas por aqueles que dedicam-se à criação de canários de cor, enquanto a transmissão genética do canto é derivada a acção do meio ambiente e há herança poligénica.
Portanto, será mais difícil ao canaricultor que cria raças de canto prever, na base de determinadas leis de transmissão genética, a possível descendência de um determinado casal.
Assim desta maneira deixa hipóteses ao criador para fixar umas determinadas características referidas no canto?
A resposta a esta pergunta é a seguinte: Ouvir; Ouvir/ observar os nossos exemplares, e da sua descendência para que, de um modo prático, determinemos o seu grau de homozigotia em quanto ao canto refere-se.
Convêm antes de continuar devemos ter a ideia que um canário será tanto mais homozigótico, em quanto ao canto, quanto maior seja o grau de correspondência entre o seu fenótipo (o canto que emite e percebemos acusticamente) e o seu genótipo (o canto que leva em estado latente nos seus genes, susceptível de ser transmitido a suas gerações, que sempre será, como mínimo, igual ou maior que o canto que percebemos). Pelo contrário, será tanto mais heterozigótico quanto menor seja o grau de correspondência entre seu fenótipo e o seu genótipo.
Relacionando-a com o que está dito anteriormente, cabe dizer que temos que aplicar a observação / escutar para apreciar o grau de homozigotia que apresentam os nossos exemplares.
Como podemos saber se um determinado exemplar, com o qual pretendemos estabelecer uma linhagem determinada, é homozigótica ou não em relação ao canto se refere?
A resposta a esta pergunta expondo um método de trabalho que pode resultar útil para conseguir o fim pretendido, isto quer dizer, que ao determinar-se se o exemplar com o que iniciamos a nossa linha de canto é homozigótico.
Se tivermos um macho determinado ao que chamaremos “A” (rico, por exemplo, em flóreos e giros descontínuos) e cruzamos com três fêmeas do nosso canário, que chamaremos B, C e D, destes cruzamentos obtemos fêmeas e machos “AB”, ”AC” e “AD” que terão uns 50% de sangue do macho “A”.
Pois bem, observação dos machos “AB”, “AC” e “AD” e aqueles cujo canto presente mais parecido com o do pai, vai indicar-nos que fêmeas devemos usar na temporada seguinte, para conseguir os nossos objectivos;
De tal forma que cruzaremos ao pai com as irmãs de aqueles canários que demonstraram ter um canto mais parecido ao do pai (na primeira geração os machos que obtenhamos, pelo grau de heterozigotia, fruto do cruzamento do seu pai com as suas respectivas mães, unicamente limitaram-se a emitir alguns giros do pai, com o qual qualquer parecido com o pai será muito longe).
Seguindo com a exposição, suponhamos que as fêmeas “AC” e “AD” tem irmãos com certos flóreos que recordam o canto paterno, e as fêmeas “AB”, em troca, praticamente não apresentam nenhum flóreo parecido ao do pai; está claro, a seguinte temporada cruzaremos o macho “A” com as suas filhas “AC” e“AD”.
Deste cruzamento obtemos machos e fêmeas “AAC” e “AAD”que terão uns 75% de sangue do macho “A”.
A seguinte temporada trabalhamos igualmente que na anterior de tal forma que do cruzamento do macho “A” com as suas netas “AAC” e/ou “AAD” obtêm-se machos e fêmeas “AAAC” e“AAAD” que levaram uns 87,5 % de sangue do macho “A”.
Chegados a este ponto, teremos terminado nosso trabalho e os resultados obtidos nos indicam o seguinte: se os machos “AAAC” e/ou “AAAD” tem um canto muito parecido ao do macho “A” isto significa que o macho “A” era homozigótico em relação ao canto, isto quer dizer, que o seu fenótipo será semelhante ao seu genótipo e, além disso, por definição, ao levar um elevadíssimo grau de sangue do macho A, os machos “AAAC” e/ou “AAAD” também serão homozigóticos em quanto ao canto, e, por tanto, transmitiram fielmente as suas qualidades canoras a suas gerações.
Se, além disso, durante todo este processo temos sido hábeis e temos indo reservando fêmeas “AC”, “AD” (denominadas meio sangue), e posteriormente fazemos acertados cruzamentos segundo as tabelas de Felch, teremos criado uma própria linha partindo de um macho “A”; linha, esta, cujos exemplares possuíram um alto grau de homozigotia em quanto ao canto refere-se.
Se pelo contrario os machos “AAAC” e/ou “AAAD”, finalmente, não apresentam um canto parecido ao do pai“A” será sinal de que este era heterozigótico, em quanto ao canto, com o qual não o resultará muito útil para o início de uma linha de canto própria baseada nos giros do dito exemplar.
Pedro Boavida
